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Voluntariado na Amazônia | 2019

  • Foto do escritor: Maria Montoro
    Maria Montoro
  • 21 de out. de 2020
  • 6 min de leitura

Atualizado: 19 de jan. de 2021


Hoje vim contar a minha experiência pela segunda vez na Amazônia. Já havia ido no réveillon de 2018/2019, mas em outubro de 2019 fui em uma missão.


Tchurma que foi fazer o turismo-voluntario com a @social.iris

Em meados de Agosto de 2019, senti um chamado muito forte para voltar pra Amazônia, mas dessa vez eu queria imergir mais. Na floresta. Em mim. Com as comunidades. Comecei a pesquisar um trabalho voluntário, eis que depois de 3 dias achei uma agência de turismo social, no qual as datas cairiam bem no meu aniversário. Fechei. Era isso que eu precisava pra encerrar meu ciclo e iniciar um novo... Mas que é o turismo-social? É o voluntariado + turismo local ( A @social.iris & Saúde e Alegria ) , ou seja, você trabalha ajudando a comunidade e ao mesmo tempo vive a cultura local.

20 de outubro de 2019 – Dia 2

Saí de São Paulo dia 19/10/2019, dormi de sábado para domingo em Santarém. Decidi desligar meu celular no minuto em que pegasse o barco em Alter do Chão, rumo a floresta extrativista (onde iríamos ficar).

Desconectei, pra me conectar.

Me vinha muitas lembranças e muita energia daquela água doce e de abundância natural. Senti que estava no lugar certo e na hora perfeita.

Chegamos na floresta extrativista Rio Arapiuns/Tapajós ( Amazonia Paraense), pegamos uma jardineira a caminho do CEFA (Centro Experimental de Floresta Ativa), com toda turma que havíamos conhecido em Santarém, junto com a Social Iris.


Existem 75 comunidades dentro da Reserva Extrativista e nesse momento estávamos chegando na aldeia Solimões. Fomos recebidos lindamente pela comunidade e pela Pajé e cacique da aldeia. Bebemos Tarubá ( bebida a base de tapioca – bem típica da região ) e batemos um papo com eles, ouvimos atentamente os ensinamentos e herança desses povos e medicinas da natureza.

Chegamos no CEFA e eu não poderia estar mais feliz. É um centro no meio da floresta, desconectada de qualquer influência do mundo externo e aprendendo com pessoas tão incríveis. Um casal super inteligente estava fazendo voluntariado lá, eles viajam levando cinema para comunidades e nos ofereceram uma sessão incrível com filmes sobre agrofloresta.

Jantamos e montamos nossa rede (sim, dormimos em rede todos os dias) e colocamos o mosqueteiro. Não me lembro da última vez que dormi tão bem.



21 de outubro 2019 – Dia 3

Acordamos cedo, alongamos, fizemos um exercício de respiração e café da manhã. Fizemos um tour pelo CEFA, nos explicaram que eles tentam fazer tudo o mais sustentável possível. A energia é solar, usam biodigestor e procuram sempre os ensinamentos da permacultura e agrofloresta, inclusive Ernest Gotsch foi fazer um projeto junto a eles.

Plantamos mudas, 1200 para ser exata, arredamos a terra e cuidamos da horta.

Almoçamos (sempre muito bem no CEFA) e partimos com a jardineira para conhecer um pouco mais da “farinhada”, que é uma atividade de subsistência e comércio para as comunidades de lá.



Foi um dia cansativo, porém feliz. Voltamos, tomamos banho, jantamos, conversamos como foi o dia e como estávamos nos sentindo (foi muito engrandecedor essas trocas e falas) e fomos dormir.

22 de outubro de 2019 – Dia 4

Acordamos no nosso quarto dia de viagem e terceiro dia no CEFA. Tomamos um baita café da manhã, fizemos nosso ritual de alongamento e fomos plantar mais mudas.


A tarde fizemos a parte do turismo social, fomos tomar banho de Rio e fazer um tambaqui na brasa, a beira mar. Tivemos participação especial do Sr. Livaldo, que trocou muito conhecimento e tocou carimbó para gente. Foi uma noite maravilhosa!



23 de outubro de 2019 – Dia 5

Esse foi um dia que mexeu bastante comigo. Acordamos, tomamos um café da manhã maravilhoso na floresta e fomos até a comunidade Anumã ajudar na coleta de lixo, mas nenhuma pessoa da comunidade apareceu, foram só os voluntários e o pessoal que trabalhava na ONG. Fiquei confusa, mas fui.


Muito lixo e, pior do que isso, muito lixo eletrônico, que os moradores tentam queimar. Vocês imaginam tentar queimar aquela pilha redonda e grossa o que causa na terra?.. Bom, fiquei bem chocada e continuei. O governo não ajuda na coleta de lixo na região e por isso a saída deles é queimá-los. Paramos pra conversar com uma família que nos contou que eles pegavam a COLA no MEIO da PILHA depois de queimar e passavam no anzol pra pescar. E comiam o peixe. Nessa hora me deu um aperto no coração, tentamos explicar que isso não fazia bem e foi quando a facilitadora da Iris me chamou e me falou dessas barreiras do voluntariado,


por um lado queremos ajudar e mostrar o que é certo, por outro vem o questionamento: até onde conseguimos conscientizar e não "recolonizar" ou impor a nossa realidade naquela comunidade?

Esse dia me fez pensar e repensar muito. Em vários âmbitos. Almoçamos no CEFA e a tarde fomos conhecer a Aldeia Vista Alegre, onde fomos recebidos com músicas, cantos e muito amor. Nos contaram um pouco da aldeia e nos levaram pra dar uma volta de canoa e até arco e flecha aprendemos. Foi uma experiência incrível, com pessoas sensacionais!

Voltamos a noite de barco, com vários jacarés nos olhando. Que prazer imenso estar no meio dessa natureza!




Fui dormir tão completa.

24 de outubro de 2019 – Dia 6

Todos os dias eu defino como perfeitos e maravilhosos, haha, mas esse dia, meu pré aniversário de 26 anos eu realizei um sonho: plantei buriti na Amazônia.

Pra quem não sabe, eu tenho uma marca de biocosméticos (www.pirapele.com.br) e em 2019 ele ainda era um embrião tomando forma, mas o primeiro produto a ser lançado seria o óleo de buriti, que eu conheci em 2016 na Chapada dos Veadeiros. Foi gratificante poder plantar essa palmeira cheia de vida na mata ciliar na nascente do igarapé na Amazônia. Ainda mais, por ser um projeto do Ernest, uma pessoa que eu admiro muito e que tem um trabalho lindo de agrofloresta.


Voltamos pro CEFA, tomamos um banho no Igarapé, tomamos uma cachaça feita lá e nos pintaram com jenipapo – um fruto, no qual os índios extraem a tintura para pintar a pele.


AH, recebi minha primeira surpresa de aniversário: um bolo maravilhoso feito no CEFA e as felicitações de todos lá. Estava reluzente de felicidade.



Pegamos a jardineira e fomos dançar carimbó com direito a tarubá, uma bebida fermentada a base de mandioca.


25 de outubro de 2019 – Dia 7 ( MEU ANIVERSÁRIO)

Acordei cedo pra ver o sol nascer, logo depois recebi mil abraços e muito amor. Ainda estava com meu celular no “modo avião”, mas recebi energeticamente o carinho de todos a minha volta, me emocionei o dia todo.


Era nosso último dia no CEFA, acordamos e fomos pro barco, onde íamos dormir aquela noite.

No barco já começamos com a energia lá em cima, dançamos, curtimos, almoçamos enquanto o barco se movimentava para a comunidade de São Miguel Arcanjo, maior comunidade de artesanato do Rio Arapiuns. Chegando lá, fomos recepcionados com o maior amor e mulheres fantásticas que nos ensinaram sobre as tinturas naturais e o tingimento das palhas.

Fizemos artesanatos, trocamos conhecimentos, recebi a benção da comunidade e um canto de parabéns (tem todos os vídeos nos meus destques no @mariafmontoro) e saímos de lá cheio de bagagem. Voltamos para o barco (nossa casinha do dia), com um pôr-do-sol maravilhoso, risadas e fechando um ciclo de muita energia boa.


Quando o barco encostou no lugar no qual passaríamos a noite, saímos dançando e fomos nos banhar nas águas, foi um final de tarde dos sonhos e pra finalizar esse dia tão especial ganhei mais um bolo surpresa e um parabéns a beira do rio.

26 de outubro de 2019 – Dia 8 e volta pra Alter.

Acordamos cedo, cada um em sua rede e o nascer do sol estava lindo, cheio de magia. Eu agradeci e pulei da rede pra pegar um café e liguei meu celular, estávamos saindo em rumo a Alter do Chão e fui recebendo as mensagens de amigos e família, o coração estava transbordando.


Passamos mais algumas horas no barco, trocando e ouvindo música, almoçamos e fomos recepcionados em Alter por um casal astral, que estava viajando e cantarolando pelo Brasil. Como pode melhorar universo?

E podia, logo quando pisamos em terra firme vimos que estava acontecendo o festival de cinema e a noite acabou lá, com muito corimbo, encontro de culturas e trocas.







Festival de cinema de Alter do Chão 2019

Foram dias inesquecíveis com uma energia surreal, sabe quando você se sente em paz com vocês mesmo e sabe que não deveria estar em nenhum outro lugar?

2019 foi um ano profundo de autoconhecimento e imersão em mim. Sou muito grata!

FIM. (ps: nos meus destaques do instagram @mariafmontoro tem mais Diário de Bordo, com fotos e vídeos dessa viagem)

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Maria Franco Montoro

jornalista/ modelo/ blogueira/ curiosa pelo mundo

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